Cetesb não sabe de onde vem a espuma no Rio Piracicaba; nova crise hídrica pode acontecer entre 2025 e 2027, diz professor da Unicamp ao PCJ

Desde ao menos a segunda semana de setembro é visível a espuma que se forma no Rio Piracicaba e a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) informou nesta semana à redação que “(...) Até o momento não foram identificadas fontes pontuais de poluição”. O cenário fica pior ainda com as sinalizações da reunião do Consórcio PCJ (Bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí) sobre baixa vazão do curso d’água que empresta seu nome ao município e possível nova crise hídrica entre 2025 e 2027.

Em nota à redação sobre as espumas, a Cetesb diz monitorar o Piracicaba em tempo real. “Nas últimas semanas em decorrência do longo período de estiagem, que reduzem o volume de água no leito do rio e concentram os poluentes (provenientes de fontes difusas de poluição), pode-se notar espuma em alguns trechos do rio (sobretudo naqueles em que há maior movimentação das águas/ encachoeirados). Em geral, a espuma aparece pela manhã (quando a temperatura é mais baixa) e se dissipa ao longo do dia por conta do calor. Até o momento não foram identificadas fontes pontuais de poluição”, informou a assessoria de imprensa da companhia estadual – assim, nenhuma multa foi aplicada e Piracicaba perece porque é a foz do corpo d’água.

Espuma atinge o Rio Piracicaba em setembro
(foto/crédito: redes sociais)

CRISE HÍDRICA

O Consórcio PCJ realizou na manhã dessa quinta, dia 26, a 95ª Reunião Ordinária do seu Conselho de Associados com a presença do hidrólogo e professor da Universidade de Campinas (Unicamp), Antônio Carlos Zuffo. A presença do especialista foi para analisar possibilidades de eventos hidrológicos extremos diante do dado do consórcio sobre as vazões dos rios PCJ estarem, em média, 36% abaixo do normal para o período.

Em sua apresentação, Zuffo mostrou cenários e comportamentos hídricos no Estado de São Paulo e nas Bacias PCJ, no qual se constata a intercorrência de crises hídricas a cada 11 anos, portanto, segundo ele, a região estaria próxima de um novo evento hidrológico extremo, que deverá ocorrer entre 2025 e 2027 (Ciclo de Schwabe).

Sobre a vazão, o professor da Unicamp explicou que o fluxo está ficando menor a cada ano devido ao comportamento climático chamado Efeito José. Esse efeito ocasiona longos ciclos de período úmido e seco, em intervalos de 30 a 50 anos entre eles.

Para ampliar a segurança hídrica frente a uma possível nova crise, Zuffo destacou duas medidas que precisam ser adotadas pelos gestores: as variações climatológicas extremas, como os ciclo José, tem de ser consideradas nos Planos de Longo Prazo para Abastecimento, Energia, Irrigação e para a Indústria. A construção de reservatórios de regularização foi indicada como necessária para a segurança hídrica. E quantos aos possíveis impactos da nova crise, estão a redução da geração de hidroeletricidade, por causa da redução das vazões dos rios, e a queda da produtividade agrícola pela diminuição das chuvas.

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