A remodelação da praça José Bonifácio, Centro, teve a licitação finalizada na sexta-feira passada, dia 13, e, com a ordem de serviço ainda para ser emitida, as obras podem durar até 12 meses no coração de Piracicaba. Há informações desencontradas sobre a supressão de árvores: a planilha orçamentária do edital indica 59 indivíduos, ou seja, todas elas que estão na área. Mas, em resposta à Câmara de Vereadores, o secretário de Obras (Semozel), Marcio Marino, informou no último dia 10 que a supressão será realizada apenas para árvores doentes (com problemas fitossanitários), mas também revela não ter o inventário da vegetação da praça. A empresa vencedora da licitação, Empreiteira Ferrezin, de Sumaré (SP), foi noticiada no início de 2024 com obras atrasadas em Nova Odessa (SP), o que motivou a exoneração da secretária de Obras e Planejamento Urbano, Miriam Cecília Lara Netto em julho deste ano – a empresa foi procurada pela reportagem e até o fechamento desta edição não se manifestou.
O cálculo para a obra na praça em área de tombamento foi de R$ 9,93 milhões e a empreiteira levou a concorrência, entre as 23 que disputaram, por R$ 7,25 milhões. A remodelação também passou por aprovação do Codepac (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural) no fim de 2023 e teve parecer preocupante do Comdema (Conselho de Defesa do Meio Ambiente) em abril, que foi informado sobre a retirada de 26 árvores.
“A preocupação central é como essa remoção pode afetar negativamente fenômenos de microclima, como as ilhas de calor, além de impactar os aspectos visuais e de mitigação da poluição sonora e ambiental. Também se discute a substituição de árvores de grande porte por árvores recém-plantadas e suas desvantagens, mesmo quando feita em maior proporção.”
O Comdema também recomendou à prefeitura que as novas árvores a serem plantadas sejam de espécies nativas e já possuam grande porte para replantio e que o projeto considere alterações arquitetônicas, com a incorporação dos indivíduos arbóreos já existentes para a valorização da infraestrutura verde e arquitetura biofílica a fim de melhorar a qualidade da vida urbana.
O mesmo conselho ainda pede uso de materiais sustentáveis. “Recomendamos o uso de pisos drenantes na gestão sustentável das águas pluviais e mitigação de impactos ambientais.” Sobre o tópico Integração e Acessibilidade, a sugestão do Comdema foi a de modificar o projeto, ampliando a área da praça com a integração do largo ao lado do Poupatempo.
RUA MORAES BARROS
O Comdema também analisou a abertura da rua Moraes Barros que passa em frente à Catedral e pontuou seis questões: demanda atual e um diagnóstico da necessidade local; Análise da Demanda de Trânsito Futura com projeções de aumento do fluxo; Avaliação da Capacidade da Via com projeção dos ganhos em fluxo e escoamento com a obra; Impacto no Sistema de Trânsito Local sobre a influência na região central, não somente no fluxo mas também nas vagas de estacionamentos; Impacto Ambiental e na Comunidade quanto a questões de ruído, poluição do ar, efeitos na paisagem urbana e acessibilidade para pedestres e ciclistas; e Consultas Públicas e opinião dos interessados a partir de uma pesquisa com os dados recebidos de residentes locais, empresas, organizações comunitárias e autoridades de trânsito, que podem fornecer
opiniões valiosos sobre preocupações locais e sugestões de melhorias.
A prefeitura foi procurada pela reportagem a fim de saber se as recomendações do Comdema foram contempladas na remodelação da praça e aguarda retorno da administração municipal – na 'papelada' da prefeitura não há nenhuma aparente modificação. Em tempo: ainda há outros desdobramentos a vir envolvendo Ministério Público, Iphan e Condephaat, que devem permitir ou não, e até denunciar, o projeto sem possíveis autorizações.