As propostas para governo de Piracicaba e o motivo para o atual prefeito Luciano Almeida (PP) ter saído do cargo de secretário de Indústria e Comercio (2005-07) na gestão Barjas Negri (PSDB) marcaram o debate de prefeituráveis na Band nesta segunda, dia 14. A informação é importante porque foi recorrente o tucano e Helinho Zanatta (PSD) tentarem se descolar de Luciano e Barjas afirmou, no final da transmissão, que o então secretário saiu do posto para “trabalhar menos” – veja mais detalhes em ‘farpas’ do terceiro bloco; a reportagem entrou em contato com o prefeito, que não se manifestou. É destaque também Barjas usar “rodar a baiana” ao chamar para a crise monstra da mortandade de peixes duas grandes entidades ligadas à cana-de-açúcar – veja mais abaixo, em ‘2º bloco: perguntas e respostas’. Neste especial das Eleições Municipais 2024, O Diário Piracicabano condensa os principais acenos feitos pelos candidatos e suas promessas, a fim de que o eleitor passa cobrá-los quando um assumir a cadeira do Executivo.
Barjas administrou melhor o tempo e já no primeiro bloco – o mais quente em termos de cutucadas – ficou com sobra superior a quatro minutos. Helinho travou mais e citou inúmeras vezes seu bordão 'Desenrola Piracicaba' ao invés de firmar posicionamentos e defender planos de governo – já o tucano foi mais eloquente, mesmo porque tem seu histórico e conhecimento da máquina do Executivo. A disputa maior foi a de colar no outro o político Luciano Almeida e a performance de seu mandato, altamente rejeitada já no primeiro turno.
Os primeiro e terceiro blocos tiveram tempo de 15 minutos para cada candidato falar livremente. Já no segundo aconteceram as perguntas diretas. No quarto, bem breve, em um minuto e meio, fizeram as considerações finais e despedida ao público.
1º bloco: água e saúde dominam o debate
Os agradecimentos de praxe abriram o debate, com Helinho fazendo referência de apoios “a favor de valores cristãos”, emendando 'mexer' com o contrato da concessionária Mirante, responsável pelo esgoto da cidade. O candidato focou em obras para adutoras, mas nada disse sobre reservagem. Barjas veio na sequência, ressaltando os apoios da família, amigos e eleitores, e reclamou ser alvo de fake news. Acusou Helinho de fazer dobradinha com o atual prefeito Luciano Almeida (PP) – ideia que, ao longo do debate, o tucano desenvolve apontando que o deputado não trouxe verbas para o município e faltou diálogo entre Executivo e Legislativo paulista a fim de sanar problemas de Piracicaba. Destacou também haver no Plano Diretor obra para reservagem de 6 milhões de litros de água – o que não foi realizado – e lançou o dado de que o caixa do Semae tem mais de R$ 40 milhões e, mesmo assim, falta água para o cidadão.
Ainda sobre água, Helinho devolveu para Barjas ser o contrato com a Mirante de sua responsabilidade – a parceria com a empresa foi fechada em 2012 – e lembrou que o sucateamento do Semae e perdas no sistema são problemas antigos, jogando o tema nas costas de seu concorrente. Como solução, o social-democrata falou em aumentar a captação e defendeu que o tucano não irá mexer com a Mirante – o que de fato não foi abordado por Barjas ao longo do debate. De volta com a fala, o ex-prefeito prometeu abastecimentos para as comunidades carentes bem como esgoto, e lembrou que água é saúde. Segundo ele, mais de 2.000 famílias sofrem com falta d’água.
Helinho destacou que Luciano Almeida foi secretário de Barjas e emendou suas promessas para saúde: eliminar as filas com UBSs (Unidades Básicas de Saúde) nos bairros – incluindo médicos e farmácias – e UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) para o público infantil e idoso e uma geral para Santa Teresinha. E nesta hora começou o bate-cabeça sobre Hospital Regional e policlínica Ilumina.
Para Helinho, a prioridade, o que ele chama por básico, é os hospitais da Cana e Santa Casa. Para Barjas, o Hospital Regional tem que ampliar suas vagas de 132 para 220 leitos. Mais à frente, Barjas pede apoio do candidato deputado para reabrir Ilumina e fala em mais investimentos no AME (Ambulatório Médico de Especialidades), do governo estadual. Ambos trocaram acusações sobre de quem é a responsabilidade da policlínica especializada em oncologia ter fechado: Helinho diz que foi na época de Barjas que, por sua vez, informou ter sido na gestão Luciano – uma checagem da reportagem aponta a crise financeira da unidade ter iniciado em 2021, primeiro ano de mandato do atual prefeito. Por fim, o social-democrata disse que irá apoiar a reabertura do Ilumina.
Ainda na pauta saúde pública, Helinho defendeu convênios e aposta nos procedimentos de baixa e média complexidades. Outro ponto de disputa entre ambos é o antigo pronto-socorro da Vila Cristina, fechado há anos. Helinho quer uma UPA infantil no local. Barjas destacou que já há licitação em curso para abrir atendimento no local para Caps-AD (Centro de Atenção Psicossocial - Álcool e Drogas). O tucano também afirmou trazer de volta o Postão do Centro – que foi migrado para o Centro Cívico.
2º bloco: perguntas e respostas
Relacionamento com a vereança
Barjas defendeu o respeito aos vereadores e, para trabalhar com um Legislativo de oposição, aposta em frentes de interesse municipal como políticas pública e captação de recursos. Helinho, em posição mais confortável porque tem aliança com Alex de Madureira (PL) e mais de 10 parlamentares ao seu lado, diz que trabalhará com vereador de oposição “desde que esteja do lado certo” em questão de projetos para a cidade.
Mortandade de peixes
A recente poluição no Rio Piracicaba foi pautada no debate e Helinho destacou a possibilidade de maior vazão por aqui por meio do governo estadual em barragens de R$ 1 bilhão em Atibaia e Três Pontes. Criticou o saneamento terceirizado, córregos sem tratamento e defendeu tratar os problemas de poluição com entidade das Bacias PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí) e Cetesb. “Eu teria rodado a baiana”, disse Barjas sobre a poluição provocada, ao que se sabe até agora, pelo setor sucroenergético. O ex-prefeito disse que teria chamado a Coplacana e a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) e lembrou que seu adversário é um usineiro. Ele defendeu que Piracicaba tem tratamento de esgoto e os problemas pontuais são nas favelas.
Moradia popular
Barjas destacou que as atuais regularizações de habitação são fruto da sua gestão passada. Disse que irá incentivar a construção de moradia com apoios do Estado e da iniciativa privada. Já Helinho prometeu regularizar e urbanizar comunidades carentes, mudar o uso e ocupação de solo e tributação e fazer casas para população de baixa renda com uso do caixa do município e ajuda do Estado.
3º bloco: a vez das propostas (e das farpas)
Barjas: cobrar do governo estadual para que invista e enxergue Piracicaba como polo; cobrar na Alesp a finalização do processo da RMP; isenção de transporte público para estudante dos ensinos técnico e médio; ampliação da Patrulha Maria da Penha e abertura da Delegacia da Mulher 24 horas; plano de expansão para creches em período integral; prioridade às atividades esportivas para recuperação de equipamentos (ginásios, campos de futebol e pistas de skate), com investimentos na arbitragem e iluminação, e quatro novas unidades esportivas mais campos de futebol com parâmetros oficiais a fim de receber campeonatos e atenção aos esportes amadores e varzeanos; zeladoria de bairros com adequação da operação tapa-buraco e corte de mato; hospital veterinário para população de baixa renda; segundo Paraíso das Crianças na região do Piracicamirim; antecipação do Anel Viário entre Parque Piracicaba e Arcelor Mittal; e cobrar retomada da duplicação da rodovia do Açúcar (Comendador Mario Dedini).
Helinho: centros de especialização para geração de mão de obra aos jovens; AME Mulher via governo estadual; Rede de Reabilitação Lucy Montoro (atendimento de pessoas com deficiências físicas ou doenças potencialmente incapacitantes); restaurante popular Bom Prato; plano de carreira e valorização do funcionalismo; novos distritos industriais; regularização de loteamentos irregulares; criar Secretaria Municipal de Turismo para fomentar emprego e renda e trazer recursos do Estado e da União; todos os alunos em período integral e valorização do professorado; passe livre para estudantes e aos sábados e domingos; Centro de Eventos Poliesportivo e Centro de Convenções; investimentos no esporte de base e de alto rendimento e uso de equipamentos e escolas durante a noite; pronto-socorro infantil, do idoso e no Santa Teresinha; castra-móvel para pets (castração, chip e identidade de proprietário) enquanto não está instalado o hospital veterinário; e garante Anel Viário com início em 2025 e radial sentido Ondinhas até o Campestre.
Também rolaram as farpas: Barjas reclamou de o deputado não trazer verba a fim de reabrir o Ilumina e Helinho explicou que a unidade está irregular, não pode receber recursos públicos, mas que tratará de parceria assim que os problemas forem saneados. Sobre Lucy Montoro e Bom Prato, o tucano cobrou de Helinho, na condição de deputado, não ter agilizado os programas para a cidade e citou os realizados por ele como prefeito, como o CPI-9, Deinter-9, Baep, Poupatempo, entre outras, “tudo em parceria com bons deputados”, disse. O tucano também cobrou do rival não ter agido contra sucateamento da mão de obra da PM e da estrutura do IML e investimentos nas escolas estaduais. Helinho alegou ter encaminhado verbas para ensino e educação. A pérola final foi de Barjas sobre o atual prefeito. “O Luciano Almeida pediu demissão de secretário do meu governo porque eu cobrava muito dele, ele tinha que trabalhar muito. E ele foi para São Paulo porque lá ele tinha que trabalhar menos.”