Vereadores desistem de redirecionar verbas do orçamento após acordo com o prefeito eleito Helinho Zanatta (PSD); a ‘indigestão’ na sessão camarária de segunda com um impacto de 0,6% no orçamento bilionário e o ‘céu de brigadeiro’ para política públicas aos animais


Vereadores têm lua-de-mel com prefeito eleito
(foto/crédito: Guilherme Leite)

Foi revelada na sessão camarária desta segunda, dia 25, o motivo pelo qual vereadores desistiram de pleitear verbas no próximo orçamento para obras específicas, as chamadas emendas. Com as três peças orçamentárias para votar – PPA, LDO e LOA – ‘as coisas começaram a ficar estranhas’ na sessão do dia 18 deste mês, quando passou o Plano Plurianual. 

Alessandra Bellucci (AVA) desistiu de cinco emendas em prol da causa animal, sua principal bandeira, quando redirecionaria R$ 9,78 milhões para serviço de castração itinerante, convênios com clínicas veterinárias, equoterapia na Esalq/USP para deficientes, remodelação do Departamento de Bem-Estar Animal e vacinas e microchips a cães e gatos. 

Cássio ‘Fala Pira’ (PL) também abriu mão da reserva de R$ 500 mil para asfaltamento da rua Benedito Sidney Novolette, localizada na Vila Rios. Ambos, Alessandra e Cássio, calados até então sem justificar o movimento, ‘abriram o bico’ nesta segunda: desistiram diante de acordo feito com o prefeito eleito Helinho Zanatta (PSD). 

“A causa animal já tem muita política pública sendo feita na cidade. Não tem o hospital, mas a gente tem um atendimento tanto quanto um hospital e talvez até melhor. As pessoas são atendidas em clínicas particulares e eu já cansei de dizer isso aqui. Mas, alguns vereadores insistem em não ouvir. Temos atendimento gratuito com consultas, tem exames, cirurgias, todas gratuitamente para a população. Eu tenho um planejamento de política pública entregue ao prefeito [Helinho Zanatta] e as coisas serão feitas. Já estão sendo feitas e darão continuidade. Esse acordo nós [vereadora e prefeito eleito] temos com relação à causa animal. E, como eu confio no nosso novo governo que vem aí, eu tenho certeza que nós vamos alavancar [políticas públicas, investimentos], eu vou deixar na mão dele e juntos nós vamos construir sim e continuar com um futuro melhor para os animais”, garantiu Bellucci. 

‘Fala Pira’ subiu na tribuna e declarou que desistiu de sua emenda após o novo governo abrir conversas com ele, o que não foi feito por Luciano Almeida (PP), alegou. “Dei um voto de confiança”, disse ‘Fala Pira’.

INDIGESTO

Além de Alessandra Bellucci e Cássio ‘Fala Pira’, também tinham emendas ao orçamento Gilmar Rotta (PDT), Laércio Trevisan Jr (PL), Paulo Camolesi (PSB) e Pedro Kawai (PSDB). Dos seis, Bellucci e ‘Fala Pira’ ficaram com a ‘lua-de-mel’ de Helinho e Kawai informou não ter sido procurado pelo prefeito eleito para debate – ele tinha emendas, todas derrubadas pela vereança, para melhorar a infraestrutura do Tiro de Guerra; os demais, Laércio, Gilmar e Camolesi, não se pronunciaram. Com as emendas derrubadas já no PPA, ficou claro haver uma maioria óbvia de Helinho na Câmara. 

O líder de governo na Câmara, Josef Borges (PP), também deu sinais e seguiu a mesma linha: defendeu o debate de projetos com a nova prefeitura e não fazer amarras no orçamento por meio de emenda – ele calculou uma realocação de R$ 15 milhões. Kawai fechou o debate indicando que a cifra representa apenas 0,6% do caixa da prefeitura, com previsão de R$ 3,3 bilhões para 2025, e que, portanto, não haveria impacto financeiro negativo com base no estudo de viabilidade orçamentária. “É a fala da população que não foi ouvida aqui”, disse o tucano. 

Em tempo: Bellucci foi extremamente ríspida com Rai de Almeida (PT), que foi contra a retirada das emendas em prol da causa animal. “Peço para a vereadora Rai conhecer o departamento de bem-estar animal, que eu acho que você nunca foi lá, conhece o hospital da Unimep, as instalações [Rai responde positivamente], as clínicas credenciadas, o setor de direito animal”, inquiri Bellucci. 

“O hospital [veterinário] municipal, que foi aberto mão, era um trabalho público e as clínicas particulares é um serviço terceirizado, muito deficitário pelo o que nós conhecemos. O hospital da Unimep não tem equipamentos necessários e não são poucas as reclamações que temos ouvido das pessoas que estão na causa animal”, finalizou Rai. 

O 'dedo na ferida' sobre políticas públicas para cães e gatos – que nem de longe está o céu de brigadeiro pintado pela vereadora – bem como a ínfima parte do orçamento foram elementos indigestos de se ver e ouvir defesas na sessão de segunda.

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