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Avenida principal do bairro não comporta ciclovia, diz moradora (foto/crédito: Prefeitura de Piracicaba) |
A ciclovia em construção pela prefeitura no bairro Monte Alegre tem conflito de interesses, desenho equivocado e envolve Ministério Público e Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo).
Ligando nada a lugar nenhum, como colocou a vereadora Silvia Morales (PV/Mandato Coletivo), que é engenheira civil e mestre em Urbanismo, os 832 metros da faixa especial aos ciclistas foi debatida na sessão camarária de quinta, dia 28. A moradora do bairro histórico Gisele Tomaz ocupou a Tribuna Popular e listou várias irregularidades na obra.
A primeira é o conflito de interesses quanto à secretária de Trânsito (Semuttran), Jane de Oliveira Franco, ocupar interinamente a cadeira da presidência do Codepac (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural) – órgão autorizativo da obra, sendo que Jane também é responsável pela expansão das ciclovias. Ou seja, como coloca a moradora do bairro: como a secretária tem isenção para aprovar uma obra sob seu guarda-chuva?
Outro ponto é o projeto que passa pela principal via do Monte Alegre, a Comendador Pedro Morganti, estar desenhado erroneamente como de mão única, ter a ciclovia sobre as vagas de estacionamento e, principalmente, ter largura inferior a prevista para o dispositivo de bikes ser implantado conforme o Plano Diretor de Mobilidade.
Sobre o aspecto de patrimônio, a faixa de concreto não deveria acontecer porque o bairro está em processo de tombamento – fase que já garante proteção contra intervenções – e está sob análise do Ministério Público, em inquérito ainda não-finalizado. Gisele Tomaz também alega que a população não foi consultada – um abaixo-assinado contra a faixa ganhou mais de 150 assinaturas – e que a ciclovia é inviável porque compromete a segurança de pedestres devido ao alto tráfego de caminhões no local.
CONCRETANDO A HISTÓRIA
Por ora, apenas a marcação com tinta amarela foi semiconcluída na ciclovia do Monte Alegre e, o mais preocupante, que é a pavimentação em concreto – o que desconfigura o piso em paralelepípedo – ainda não foi executado para obra contratada por pouco mais de R$ 2 milhões. A exposição da moradora gerou debate entre a vereança.
Cássio ‘Fala Pira’ (PL), nascido em Minas Gerais, lembrou que o Monte Alegre remete às construções históricas das cidades de Ouro Preto e Mariana. “Querem tirar as características históricas, não façam goela abaixo”, protestou contra a prefeitura. Rai de Almeida (PT) cravou que “os conselhos estão a reboque do que pretende o governo”.
OP
Outro assunto trazido à Tribuna Popular na mesma noite de quinta foi a irregularidade do Orçamento Participativo (OP), que ganhou novo formato recentemente por meio de decreto do prefeito Luciano Almeida (PP). Segundo Gilberto Callegaro, participante ativo do OP há mais de 10 anos, o processo pelo qual a população decide, de forma direta, sobre a aplicação dos recursos em obras e serviços que serão executados pela administração municipal está irregular porque não há regimento interno e nem há prazo para definir estas regras.