Todos estão mudos: multinacionais se recusam a dimensionar efeito Trump em Piracicaba; segmento de transformação é responsável por 91,95% do emprego no setor industrial local


Oito grandes empresas de Piracicaba fazem 'boca-de-siri' e não falam sobre expectativas de emprego e nem de futuros investimentos

O clima é de silêncio absoluto entre empresas exportadoras de Piracicaba quanto aos tarifaços sinalizados pelos Estados Unidos ao Brasil. A cidade tem um conjunto relevante de multinacionais, como a Caterpillar, Case New Holland (CNH), Arcelor Mittal, Raízen/Cosan, Oji Papéis e Hyundai. A reportagem consultou todas elas quanto aos impactos em investimentos e empregos, mas absolutamente ninguém se manifestou. Também tentamos ouvir um dos membros do Observatório da Região Metropolitana de Piracicaba, baseado na Esalq/USP, e a resposta foi no sentido da impossibilidade de avaliar os efeitos das decisões de Donald Trump sobre as grandes empresas da região.

A Arcelor é a maior produtora de aço no Brasil, segundo o próprio site da empresa. “A nova tarifa de 25% imposta pelos Estados Unidos sobre o aço importado impacta diretamente as siderúrgicas brasileiras, afetando especialmente empresas como Ternium e Arcelor Mittal”, escreveu o jornalista Maurício Businari em matéria para o UOL nesta quarta, dia 12. Na mesma matéria há a informação de que a empresa exporta mais de 75% da sua produção nacional para os EUA, implicando na possibilidade de futura perda de receita e necessidade de realocação de suas unidades fabris.

“As empresas que exportam aço semiacabado serão as mais atingidas porque esses produtos são matéria-prima da indústria americana. Com a sobretaxa, tornam-se menos competitivos e podem enfrentar queda na demanda e na geração de receita", avaliou o economista Roberto Simioni, da Blue3 Investimentos, para o jornalista do UOL.

Em análise sobre o setor sucroenergético, o colunista também do UOL, Jamil Chade reportou, no último dia 9, sobre um temor de que o mercado de etanol do Brasil seja aberto ao produto americano a partir do fim da taxação local sobre os EUA, atualmente a 18% – o que impactaria especificamente as atividades da Cosan e também o campo. Ontem, quinta-feira, Jamil Chade estava novamente na manchete do portal com a chamada 'Trump ameaça impor mais tarifas e cita etanol brasileiro como exemplo'. O grupo de Rubens Ometto vem num período de perdas acionárias históricas, com queda de mais de 7%, informou o Painel S.A., da Folha de S.Paulo, no último dia 5.


Oji, localizada no bairro Monte Alegre, integra a indústria de transformação em Piracicaba, maior segmento empregador no setor
(foto/crédito: divulgação)

A INDÚSTRIA EM PIRACICABA

Conforme o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), base de dados do Ministério do Trabalho em Emprego, a indústria de transformação foi a maior empregadora em 2024 em Piracicaba dentro deste setor macro, aos 91,95%. Com 8,11 mil postos de trabalho frente a 8,82 mil de toda a indústria na cidade, o segmento de transformação dedicado à, por exemplo, conversão de celulose em papel e aço em máquinas, ferramentas e equipamentos – descrição que encaixa perfeitamente no nosso perfil industrial. 

Na economia, o emprego deste setor tem mais estabilidade, paga melhores salários e contribui com uma gama de vantagens para o município onde está estabelecida – a indústria também impulsiona de empregos indiretos a desenvolvimento tecnológico, elevando a renda e o PIB (Produto Interno Bruto). Portanto, uma mudança de endereço de uma das grandes fábricas instaladas por aqui, ou até mesmo demissões, seria altamente prejudicial para a economia local.

Leia artigo do economista Francisco Crocomo sobre nova geografia mundial com efeito Trump, números de Piracicaba e soluções

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