Aos 72 anos, Escola de Música de Piracicaba não tem proteção do tombamento e o prédio é alvo de furto

 


Ernst Mahle, fundador da Escola de Música de Piracicaba não quer mais seu nome na instituição em ruínas, informa colega de partitura

Não há nada a se comemorar no aniversário de 72 anos da Escola de Música de Piracicaba Ernst Mahle (Empem). Celeiro nacional da música e dona de uma das mais completas musicotecas do Brasil, com cerca de 17 mil partituras, o prédio com excelente localização no Bairro Alto, na esquina das ruas Santa Cruz com a Dr. Otávio Teixeira Mendes também está em vias de servir à especulação imobiliária com dívidas de R$ 1,8 bilhão da Rede Metodista – a mesma responsável pelo estado lastimável em que se encontra a UnimepA jornalista Beatriz Vicentini escreveu sobre o assunto neste mês e cobrou do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural (Codepac) os tombamentos do prédio bem como dos instrumentos. 

“O Codepac não dá andamento ao processo de tombamento, protocolado em agosto de 2022, embora também não o arquive. Nada do que um dia foi aquele local permanece. Sequer a música e os eventos culturais que eram constantes, de qualidade ímpar e envolvendo não apenas os alunos, mas seus familiares em concertos que traziam a Piracicaba figuras de reconhecimento internacional, formando culturalmente gerações de piracicabanos. Os Mahle naturalmente se afastaram e seus últimos concertos foram em outros locais da cidade, bem distantes de qualquer relação com os metodistas.” 

O local foi inclusive alvo de furto. “E dentro do progressivo desmonte para com suas escolas, a Empem vem, nos últimos anos, sofrendo os efeitos de diretiva da rede metodista que parece querer que o tempo vá transformando em ruínas, por falta de atenção e manutenção mínimas, suas instalações, instrumentos musicais e arquivo de partituras. Houve até mesmo interdição da sala de concertos, meses atrás, pela falta de alvará exigido pelas autoridades de segurança locais. Um roubo à noite – até porque praticamente não existe mais segurança constante no local – permitiu que ladrões levassem boa parte da fiação do prédio. As paredes sofrem de infiltração e estão se descascando. Os professores recebem cada vez menos”, anota a jornalista. 

“Ernst Mahle já afirmou não querer seu nome nesta instituição. De fato, o que está aí agora nem de longe reflete seu trabalho e o de sua esposa, nem tampouco reflete suas crenças artísticas e filosóficas. Não é novidade para ninguém que o casal Mahle já expressou repetidas vezes seu arrependimento por ter passado a Escola aos metodistas”, comentou Julio Amstalden, ex-aluno e doutor em Educação e mestre em Artes. 

A reportagem entrou em contato com a gestão de Helinho Zanatta (PSD) sobre iniciativas da prefeitura para proteger aquilo que deveria ser salvaguardado pelo município, mas não houve qualquer posicionamento.

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