Chão de Piracicaba chegou a bater 77 graus na semana passada; cidade também tem problemas graves com seca do rio e ar insalubre

A medição de temperaturas na superfície (solo) de Piracicaba na sexta passada, dia 21, variou entre 27 a 77 graus. “A gente consegue cozinhar alguns alimentos no asfalto”, pontuou a professora-doutora do Departamento de Ciências Florestais da Esalq/USP, Nathalia Cristina Costa do Nascimento. A medição é do satélite Landsat do programa da Nasa (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço, em tradução livre), agência dos Estados Unidos. A professora-doutora trouxe este e outros dados em palestra realizada durante o lançamento da Frente Parlamentar de Combate à Crise Climática, na Câmara de Vereadores, iniciativa da vereadora Silvia Morales (Mandato Coletivo/PV).


Piracicaba tem três pontos para emergência climática: seca, incêndios e enchente/inundações, informou a professora da Esalq – em 2024, o município foi listado pelo Governo Federal entre os em risco para desastres naturais. Ela também destacou que temperaturas acima dos 35 graus são prejudiciais à saúde. Para ilustrar, Nathália apresentou um mapa por bairros mais frescos e mais quentes – veja gráfico abaixo.


Conforme o Cemadem (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Piracicaba entrou em outra triste lista em 2018, a de risco moderado para seca. “O que não é bom. Nós nem deveríamos estar neste mapa”, defendeu a professora da Esalq. 

Segundo ela e baseada em dados do Comitê de Bacias PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí), a tendência de vazão do Rio Piracicaba na última década é de queda, situação considerada como um problema sério. Outro dado ruim é que a cidade passou, em 2024, por quatro meses com o ar insalubre para humanos por conta das queimadas, resultando em perda de 12,5 anos na expectativa de vida da população.

Os vilões do meio ambiente.

Os principais gases do efeito estufa são o dióxido de carbono (gerado por queima de combustíveis fósseis), metano (vindo de resíduos sólidos e do arroto do gado; a pecuária é uma das principais fontes no Brasil) e óxido nitroso (produzido pela agricultura, principalmente commodities quanto ao uso de grande volume de fertilizantes).

“O que a gente emite hoje, quanto ao potencial de aquecimento de cada gás, não é imediato. O metano tem um potencial de aquecimento em 20 anos e em 40 para o dióxido de carbono. O que nós lançamos vindo para cá com nossos carros, vai aquecer daqui a 40 anos. Vai afetar a vida do meu filho que tem 10 anos quando ele tiver 50 anos. Estamos vivendo as consequências do aquecimento feito na década de 60”, contextualizou a professora da Esalq, Nathália do Nascimento durante a cerimônia de lançamento da frente parlamentar na sexta, dia 21.

Ela destacou que, atualmente, estamos batendo recorde em emissões dentro de um patamar bem distante da década de 60. “Essa herança que estamos deixando para as gerações futuras é muito ruim”. Os principais poluentes são gerados pelos setores da agropecuária e de energia, inclusive este é o contexto também para Piracicaba.

O que fazer?

Conforme a professora do Departamento de Ciências Florestais, as soluções passam por ampliar a arborização, que reduz em até três graus a temperatura do entorno; produção de alimentos em sistemas agroflorestais – só hortas não estão mais sobrevivendo; e criação de corredores ecológicas com proteção às nascentes.

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