Taxa de mortalidade infantil é uma vergonha para Piracicaba, afirma secretário de Saúde; último dado do SUS para a cidade classificou 85% dos óbitos como evitáveis

“O índice de mortalidade infantil envergonha a cidade”, disse o vice-prefeito e secretário municipal de Saúde, o médico Sergio Jose Dias Pacheco Junior ao comentar ações de prevenções em Piracicaba. A avaliação de Pacheco foi a mais impactante feita durante a audiência pública na última sexta, dia 21, na Câmara de Vereadores, que debatia o Sistema Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde), e sinaliza a persistência nos dias atuais de uma 'temperatura' ruim medida anteriormente em estatística federal. O dado mais recente do Data SUS é de 2023 e aponta a morte de 11,20 crianças com menos de um ano de idade para cada 1.000 nascidos vivos – a ONU preconiza como taxa ideal 10 para cada mil. E o que impressiona mesmo – aí se encaixa no investimento em saúde de prevenção – é o percentual de mortalidade infantil por causas evitáveis para a cidade em absurdos 85,71%, índice maior que o Estado paulista e Brasil.

Em 2023, 42 dos 54 óbitos de bebês poderiam ser evitados com ações simples como vacina, atenção à gestante, atenção à mulher no parto, atenção ao recém-nascido, diagnóstico e tratamento adequados e atenção à saúde, aponta o Data SUS.

Ainda sobre o percentual de mortes evitáveis, Piracicaba disparou em relação ao registrado tanto para o Estado de São Paulo como para o Brasil. Em 2023, o Estado paulista teve uma taxa 67,21% (3.846 óbitos) e no âmbito nacional o mesmo índice foi de 66,29% (21.224 óbitos).

CRÍTICAS

Durante a audiência comandada por Rai de Almeida (PT) e a deputada estadual Ana Perugini (PT), também houve críticas à terceirização das UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) Vila Sônia e Vila Cristina – realizada durante a gestão Luciano Almeida (PP) em contrato com a Mahatma Gandhi. Para o vice e secretário municipal de saúde, o trabalho da Organização Social de Saúde (OSS) “tem ressalvas” a partir de haver “mais reclamações das UPAs terceirizadas frente às geridas pela administração pública”. “Uma comissão da prefeitura fiscaliza OSS e fez reunião semana passada obrigando adequações”, pontuou Pacheco Jr..

Fábio Alves, médico sanitarista e professor da Unicamp, também estava presente na audiência e criticou com eloquência tanto a terceirização das UPAs como o Hospital Regional. “Terceirização é transferir a gestão de pessoal e do serviço para outra instituição. E a gente não pode fazer isso. A urgência e emergência são responsabilidades do gestor municipal porque articula atenções pré-hospitalar e relação com o Samu. E quais são as saídas para o SUS? Municípios como Piracicaba, Campinas e Limeira têm que discutir uma autarquia municipal para a intervenção da atenção secundária."

Alves também cobrou maior atuação da Unicamp, gestora da unidade, como Hospital Regional e a vereadora Rai destacou que a estrutura instalada no Santa Rita não tem diálogo com a rede SUS municipal.


O secretário de Saúde, Pacheco Jr. durante audiência encabeçada por Rai de Almeida 
(Foto/crédito: Rubens Cardia)

DEFICIÊNCIAS & PROMESSAS

Segundo o secretário de Saúde, Pacheco Jr., metade de Piracicaba usa o Sistema Único de Saúde. Frente à uma grande demanda, entre as deficiências, o secretário abordou a possibilidade atual para apenas duas cirurgias de mamas ao ano para uma regional com 26 cidades. Ele culpou a baixíssima oferta no valor de tabela do procedimento pago pelo SUS e afirmou que, como solução, fez contatos com hospitais e cirurgiões plásticos. “Vamos fazer essa adequação para que as pessoas não fiquem na fila”, prometeu.

Pacheco Jr. também admitiu estar ciente da falta de reumatologistas me Piracicaba e apontou para o atendimento de dois profissionais desta especialidade médica – um atua no Postão, Centro, e outro no Centro Integrado de Saúde, inaugurado no último dia 20 em parceria com a Universidade Anhembi-Morumbi.

O transporte para tratamento de pacientes em outras cidades também foi abordado, com o secretário apontando problemas com o sucateamento da frota. Por último, informou quanto às reformas de nove UBSs (Unidades Básicas de Saúde) com obras em andamento e outras cinco a ser iniciadas. Ele utilizou como exemplo da situação a unidade no Eldorado, que deveria ter sido concluída em novembro, mas segue sem ser entregue. O motivo, segundo Pacheco, é que uma empresa venceu seis processos licitatórios e ficou “sem pernas para cumprir com os contratos”. O secretário prometeu entregas entre 29 de março e segunda quinzena de abril e falou sobre estender horário de atendimento após as 18h ao trabalhador.

________

CURTE O DIÁRIO?  

Contribua com o jornal:

PIX (chave e-mail)

odiariopiracicabano@gmail.com

Na plataforma Apoie-se

(boleto e cartão de crédito):

https://apoia.se/odiariopiracicabano

***

Apoie com R$ 10 ao mês (valor sugerido).

Precisamos de 100 amigos com essa doação mensal.

Jornalismo sem rabo preso não tem publicidade!

Postar um comentário

Mantenha o respeito e se atenha ao debate de ideias.

Postagem Anterior Próxima Postagem

Formulário de contato